Pare de Reclamar dos Jogos Gratuitos

A internet hoje é assim: ou as pessoas estão reclamando ou estão reclamando. É a “geração mimimi”. A mais nova moda de descontentamento são as limitações em jogos grátis. Se não são offline, ou se ficam chatos depois de um tempo. A onda é reclamar, mesmo quando você baixar de graça e se diverte por dias sem gastar um único centavo. É realmente certo reclamar? Vamos analisar!

Leia também:

– A maioria dos gamers não valoriza os jogos mobile

A maioria das pessoas que baixa jogos de celular, pensam que eles não deveriam ter valor algum. E quando digo valor, essas pessoas estão se referindo às duas coisas: o valor e o preço. Criou-se a ideia de que jogos mobile são descartáveis e deveriam ser “esquecíveis”. Essa ideia é fundamentada sobre os jogos freemium, mas ela afeta todos os games mobile e modelos de distribuição disponíveis.

Publicidade
Sobrou até para o GTA.

O resultado desse tipo de pensamento é bizarro e contraditório, pois muitos deles passam semanas, meses e anos, jogando games gratuitos no celular. Esse pensamento estranho, de que os jogos mobile não merecem valor ou reconhecimento, chega ao ponto de atingir games que são portados para a plataforma. Já vi comentários perguntando se GTA: San Andreas vale a pena comprar em promoção por R$19,99? Sim! Um dos jogos mais conhecidos e premiados da indústria dos videogames.

Apenas para deixar claro. É preciso diferenciar valor de preço. O valor real de alguma coisa vai muito além do seu preço. Para muitos R$ 19,99 é caro, mas será mesmo? O correto não seria o jogo custar o mesmo preço em todas as mídias?

– Você não pagou, por que está reclamando?

O termo “vale a pena” é muito usado por aí. As pessoas querem saber se um jogo vale o “investimento”. Normal. Mesmo quando a indagação é sobre um game que a pessoa já sabe a resposta (como GTA). Mas e quando o game é completamente de graça? A dúvida se transfere para o tempo. E aí a questão fica muito mais complicada.

Em jogos gratuitos, sejam eles free-to-play ou freemium, você pode jogar sem tirar um centavo do bolso. Mas sabia que você está pagando mesmo assim? Sejam em anúncios exibidos ou com seu “login diário”. Você é um ativo para a empresa, que mede o sucesso de um jogo não pelos seus downloads, mas pela quantidade de jogadores ativos.

Através de uma base de usuário é possível traçar a percentagem de jogadores que irá gastar alguma grana no jogo. A coisa fica bem ridícula a partir daqui. Pois chegamos a um ponto em que há jogadores que gastam centenas de reais (ao longo do ano) em jogos grátis, mas ficam reclamando do preço de um Final Fantasy da vida.

– Nada é 100% de graça!

Esse ditado é velho, mas continua atual: “não existe almoço grátis”. Até mesmo em jogos gratuitos e offline, há anúncios que são contabilizados em segundo plano assim que você entra online. A questão é: isso é errado?

Se você respondeu que sim, eu sinto muito meu amigo, mas você tem um senso de ética completamente equivocado.

Eu penso que os produtores de jogos que fazem isso estão corretos. Os produtores possuem sim direito ao retorno do investimento de tempo e esforço na produção de um game. Você só baixou o jogo deles, não comprou, portanto não tem do que reclamar.

Criação de jogos é algo caro e o retorno de investimento é quase incerto. Principalmente se você é um desenvolvedor indie. A exigência online, por exemplo, nada mais é do que uma medida para amenizar o combate aos hackers.

O problema começa quando a pessoa não enxerga as armadilhas colocadas em games indie e pensa que o jogo deveria ser diferente. Deveria sim, mas se ele não é, chegou a hora de passar pra outro jogo, e não ficar girando em círculos reclamando sobre as mesmas coisas para sempre.

– A maioria dos gamers mobile não valorizam os jogos premium

Recentemente, a Gameloft postou um vídeo explicando por que a maioria dos seus jogos são gratuitos (free to play).  O resultado? Uma chuva de comentários pedindo para que jogos pagos da empresa fiquem de graça.

Aí chegamos nessa realidade maluca em que estamos (praticamente vivemos no mundo invertido de Stranger Things). Onde, como dito acima, existem pessoas que gastam muita grana em jogos gratuitos e reclamam de games pagos que passam dos R$ 30 reais.

Isso é assunto velho. Coisa que já discutimos em 2012 e 2013. Não vale a pena enfatizar isso novamente. A questão é que a “geração mimimi” ainda fica sonhando que grandes desenvolvedoras vão investir em excelentes jogos com campanhas caras para serem desenvolvidas, apenas para tudo ser pirateado e eles não lucrarem nada. Que viagem hein?

Mas sabe quem paga “o pato” nessa história toda? Os desenvolvedores indie. Desenvolver jogos pagos de qualidade, virou atitude de produtoras pequenas.

 

Essas mesmas pessoas ficam exigindo de desenvolvedores menores, games gratuitos, offline e sem anúncios, e aceitam todo tipo de canalhice de empresas grandes.

Comprar a remoção de anúncios? ok! Comprar o restante da campanha? ok! Comprar pacotinhos, baús ou caixas? Já sabe onde está se metendo né?

Contudo, por mais estranho que pareça, não cabe às desenvolvedoras mudar o comportamento dos consumidores. Na realidade, cabe é aos consumidores mudarem seus hábitos e qualidade do que consomem. E nós já vamos começar a fazer isso por aqui, dando um enfoque maior para jogos premium ou de produtoras pequenas. Vem muitas mudanças pela frente.

  • Dario Coutinho

    O "Gamer de Celular" Original. Criou um dos primeiros sites sobre jogos para celular em 2007, que viria a se tornar o Mobile Gamer Brasil em 2009. Formado em Ciência da Computação, escreve sobre tecnologia há mais de 16 anos. Com passagem por revistas de games (EGW, Arkade) e sites renomados como Techtudo. E-mail para contato: [email protected]

Google News

16 comentários em “Pare de Reclamar dos Jogos Gratuitos”

  1. otimo post! é totalmente isso mesmo, geração que reclama mesmo sem pagar nada…jogo gratis nunca vai ser 100% de graça, quem que vai ter gastos anos, dinheiro e muito tempo para desenvolver um jogo e simplesmente distribuir sem querer tirar 1 centavo do seu trabalho? quem pensa isso realmente é um baita de um imbecil…jogos mobiles infelizmente são vistos assim, queria muito que isso mudasse…mas parece que apenas piora

    Responder
  2. Ótimo post eu amo indies você já olhou a pagina de Morphite na google play tá cheio de gente reclamando da parte em que você tem que pagar pra pode jogar a historia sendo que nem na versão IOS do jogo você pode testar! recentemente eu tenho encontrando um monte de indies super legais tem esse aqui que ta vindo em 2018 https://www.youtube.com/watch?v=dxtuDPWFrK8 e um jogo de City Building que tem um jeito minimal/material e o desenvolvedor disse que o jogo vai vir sem microtransações! eu adorei a mecânica dos desastres e ele e bem colorido e eu amei a música o jogo parece bem promissor e similar ao SimCity do Snes eu amo aquele jogo eu mal posso esperar pra testar esse jogo o nome do jogo e Pocket City :3

    Responder
  3. Na minha opinião, os jogos gratuitos e apelões, acabaram com a industria dos games mobile, que antes eram muito mais elaborados e menos enjoativos, hoje em dia, quando você começa a gostar do jogo, aparece uma barreira escrito, compre caixinhas, moedinhas, gemas, cartinhas, para avançar no jogo que não tem fim, fora, que existem fases que a maquina é programada para ganhar sempre, só para te obrigar a gastar com firulas, prefiro os jogos pagos, que tem começo, meio e fim, onde você joga por prazer, como os jogos de console

    Responder
  4. Eu jogo no celular praticamente todos os dias, e pra dizer a verdade, prefiro jogos premium (onde se paga apenas 1 vez, sem “compras internas”). Geralmente gasto até uns U$ 20,00 por mês de jogos, e fujo dos jogos freemium. Apenas comprando os jogos os desenvolvedores serão incentivados. O último jogo que comprei foi Final Fantasy Tactics, que custou U$ 13,99, está bem acima do valor dos outros jogos (ex: U$ 4,99, U$5,99, etc), mas valeu a pena, gameplay p/ pelo menos 40 horas!!!!

    Responder
  5. é osso mesmo , quando a gameloft fazia os excelentes jogos a 7 dólares e saia 10 jogos ótimos por ano , as pessoas achavam um absurdo , tem mais é que se ferrar todo mundo mesmo, pior que esse tipo de jogador está migrando para os consoles, e a EA está adorando.

    Responder
  6. Eu compro jogos na play, aproveito promocoes, baixo alguns de graça tambem, dependendo do preço, vejo algumas distorções em precos que chegam a ser abusivos a realidade brasileira, eu baixo apk, jogo, se gosto muito compro o jogo original, eu acho que, todo jogo devia ter uma versao de teste, sim, um demo, gostou compra, enfim, mas poucas fazem isso, porem os que eu mais gosto e jogo sao os free!

    Responder
  7. Isso não é novidade, a desgraça está o que é hoje por causa dos próprios gamers, afinal, cada um recebe o que merece, o mercado de jogos mobile premium esta acabando porque os gamers acham que como existem jogos de “graça” não vale a pena pagar por um jogo de celular, ai cria uma bolha, pois o cara não paga 30 reais em um jogo, mas paga quase 100 em caixas e outras coisas…

    Responder
  8. A melhor coisa q li hj: “E nós já vamos começar a fazer isso por aqui, dando um enfoque maior
    para jogos premium ou de produtoras pequenas. Vem muitas mudanças pela
    frente.”

    Responder
  9. O pior é pagar por um game ou app e depois o mesmo se tornar grátis! Já aconteceu comigo várias vezes, o último, hitman sniper, gosto da square enix mas como represália só baixarei apps piratas dela, nunca mais comparei nada dela em qualquer plataforma! Tudo bem que custou uma ninharia na época, preço irrisório, desprezível, mas sinto como se tivesse pagado para outros jogarem…

    Responder
  10. gostei da matéria.que se resume no início essa é a geração do mínimo,se queixam de tudo!estou jogando alguns jogos online muito bons e de graça.sou a favor dos anúncios é uma troca justa.

    Responder
  11. Acho que tudo tem que ser balanceado, muitos apps, querem espremer grana dos usuários igual laranja, por isso não jogo aap fremium, somente indies pagos….ODEIO P2W!

    Responder
  12. Concordo, mas também tem empresas que exageram nos preços dos seus jogos, uma tal de Square Enix. Entendo que os jogos dela são ports de consoles, mas por favor, o Chrono Trigger por exemplo, uma conversão horrivel e mau feita custa muito caro para a qualidade do jogo.

    Responder

Deixe um comentário