Jogo Freemium: “é ruim, porque é grátis”

A afirmação pareceria estranha há alguns anos, mas atualmente, ela ficou muito comum. Jogos grátis tem sido classificados como”ruins”, ou encarados com “desconfiança”, pela a maioria dos jogadores que possuem smartphones e tablets com Android e iOS.

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Não sabe o que é Freemium? Veja aqui.

No Brasil, onde o comodismo anda de mãos dadas com o otimismo, jogos Freemium’s ainda são a “vibe” do momento. Deslumbradas com a capacidade gráfica dos jogos atuais, mal as pessoas baixam um jogo e já mandam um “joinha” lá para a Play Store e App Store.

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Mas até mesmo aqui, na terra onde todo mundo acha que está levando “vantagem” ao baixar algo de graça, jogos freemium’s já começaram a serem mal vistos. Veja alguns comentários pescados no Google Play.

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No exterior, jogos que abusam de opções “ocultas” de compras já são mal visto há algum tempo, inclusive por órgãos do governo. Na Inglaterra, o governo pretende investigar jogos infantis que tenham opções de compra (Veja aqui, matéria em inglês). A polêmica começou depois de vários relatos de crianças gastando pequenas fortunas (dos pais) em joguinhos para smartphone e tablets. Agora, imagine os gastos feito crianças em joguinhos freemium’s que não são relatados.

 

As produtoras se defendem

A coisa tem andando tão depressa que para se proteger, as empresas de jogos já começaram a colocar avisos logo no começo dos jogos. No iOS, a Apple implementou um aviso no aplicativo iTunes, logo abaixo da palavra “grátis” em cada jogo ou aplicativo.

Recentemente a Chillingo, famosa publicadora de jogos “Freemium”, conhecida por jogos como Cut The Rope e até Angry Birds (no lançamento inicial em 2009), “defendeu-se” em uma entrevista ao site VG247. Segundo ela, Jogos Free-to-play e Freemium deveriam ser encarados como modelo de negócio e não como um “estilo” de jogo (N. do Autor: Se eles são um modelo, por que não existe a versão “paga”, sem compras dentro do aplicativo)

A Gameloft também deu sua justificativa, mas como já faz algum tempo (Janeiro de 2012), colocarei apenas o link da matéria.

 

Entendendo o lado das produtoras

Ben Holmes do Wall Street Journal, publicou um artigo recentemente onde ele busca, talvez uma justificativa para a insistência das empresas pelo modelo Freemium. No texto ele explana que pelo simples fatos de que as próprias empresas determinam preço final e capital de risco o modelo Freemium é tão atraente, não existe restrições! E os consumidores endossam isso ao decidir pagar ou não por tal experiência.

A análise do Sr. Holmes aponta para um cenário de muita comodidade para as produtoras. Elas podem delimitar o preço que quiserem e o céu é o limite (N.A. Ou o inferno, no nosso caso.). Segundo ele, “é economia no melhor sentido da palavra”. Longe de corrigir um analista de Wall Street, mas para uma boa compreensão deve-se entender que o uso da palavra “economia” é usado em um sentido muito amplo e não apenas “poupar dinheiro”.

 

O ponto sem explicação; Preços Absurdos

É aqui que eu gostaria de fazer uma pausa para fazer a seguinte análise. Tudo bem o jogo ser grátis e conter opções de compra dentro dele. Porém, meus problemas começam justamente pela falta de equilíbrio no “preço” da minha experiência. Mesmo gastando mais de 10 dólares, na grande maioria dos jogo freemium’s, a experiência continua limitada e a impressão que o jogador tem é que não há vantagens no investimento de dinheiro, nem em pequenas, nem em médias e muito menos em grandes quantidades.


O preço de alguns itens em jogos, sempre foi algo que me incomodava. Por que, em nome nome de Adam Smith, existe itens que custam 99 dólares. Se tais itens fossem para desbloquear tudo que há no jogo, ou para o jogador ter dinheiro infinito, até que valeria a pena. Se é justo com outros jogadores, isso não vem ao caso, mas quem paga duas vezes o preço de um jogo para videogame Next-Gen, merece ter alguma vantagem.

Os bons exemplos

Bom exemplos de jogos Freemium’s não precisam significar que você nunca precise pagar por nada. Mas significa que você terá uma boa vantagem se pagar. Se isso é justo com os jogadores, novamente não vem ao caso, o que importa é se quem está pagando terá seu “investimento” garantido.

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Jogos como Subway Surfers, JetPack Joyride e Real Racing 3 são exemplos de jogos em que o investimento de dinheiro real dentro do jogo, se bem utilizado, rende muito bem e estimula o jogador a gastar mais, mas sempre de forma consciente.

 

Os maus exemplos

Já outros jogos são verdadeiras máquinas de queimar dinheiro. Alguns jogos não importam o quanto você gaste, você nunca se sentirá em vantagem e pagar é até uma má escolha do ponto de vista da evolução do gameplay. Jogos da Gamevil e GLU são especialistas nesse quesito. A qualidade gráfica e de produção dessas duas empresas é incrível, mas as opções de compra dentro dos jogos beira à inutilidade.

Dragon Slayer tinha tudo para ser um Monster Hunter no Android/iOS, mas virou um jogo freemium esquecível
Dragon Slayer tinha tudo para ser um Monster Hunter no Android/iOS, mas virou um jogo freemium esquecível

Blood & Glory, Dragon Slayer e outros jogos semelhantes da GLU já pedem algum tipo de compra logo aos cinco minutos de jogatina. A Gamevil não fica atrás, seus jogos de Baseball Superstars, um dos melhores do gênero para Android e iOS, possui opções de compra que não impactam em quase nada no desempenho do jogador.

 

V de Vingança (ou como Crackear qualquer jogo do Android e iOS para ter dinheiro infinito)

Há gente que pensa que é preciso se conformar, que Freemium é tendência e que estamos fadados a experiências “capadas”. Entretanto a revolução já começou. Uma pesquisa rápida no Youtube com a palavra “Hack + jogo+ Plataforma” revela métodos para conseguir dinheiro infinito em praticamente QUALQUER jogo. Experimente: “hack sixguns android”. A verdade é que a segurança dos dados em jogos mobile é muito frágil, alguns hacks não precisam sequer de jailbreak no iOS.

http://www.youtube.com/watch?v=gh17n7xiog4

Vídeo de um ano atrás, postado a título de curiosidade. Acredito que o método utilizado não funcione mais.

 

Fazendo a nossa parte

Você, caro leitor, deve perceber que há uma seção no Blog chamada “Jogos Grátis”. Como em 100% de todos os sites e blogs sobre games mobile, a nossa seção contém muitos jogos freemium. Mas vou mudar isso. Sempre que analisar um jogo e ele for gratuito e tiver opções de compra dentro dele, colocaremos logo abaixo do link de download, o aviso de que há itens para comprar dentro do jogo.

 

Finalizando, um pensamento para você que gosta de tudo “grátis”.

 Satoru Iwata exibe controle do videogame Wii U (Não parece um tablet?)
Satoru Iwata exibe controle do videogame Wii U (Não parece um tablet?)

Uma das mais celebres frases que li em 2012 veio do Satoru Iwata, presidente da Nintendo, ao ser confrontado em uma entrevista ao Kotaku, sobre jogos de smartphones. Calmo e dotado daquela gentileza e humildade digna dos japoneses e mandou:

“Eu acho que nos games existem duas necessidades que as pessoas buscam. Uma é o passatempo. Outra é aquele tempo muito importante em que você quer ter uma grande experiência.”

Satoru Iwata, Presidente da Nintendo

 

É justamente esse tipo de experiência (a grande) que estamos perdendo nos smartphones e tablets, reduzindo o mercado a joguinhos grátis para as crianças passarem o tempo e fazerem compras sem os pais saberem. Por que temos que fica presos em experiência limitadas? Por que os jogos de celular e tablets tem que ser assim? Vamos mudar!

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  • Dario Coutinho

    O "Gamer de Celular" Original. Criou um dos primeiros sites sobre jogos para celular em 2007, que viria a se tornar o Mobile Gamer Brasil em 2009. Formado em Ciência da Computação, escreve sobre tecnologia há mais de 16 anos. Com passagem por revistas de games (EGW, Arkade) e sites renomados como Techtudo. E-mail para contato: [email protected]

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