Pare de Comparar Smartphones com os Consoles de Videogame da Geração Atual

PS4 vs iPhone, os dos a 80 quem ganha?

Entre 2011 e 2012, muitas pessoas tinham a nítida sensação de que os jogos de celular iriam encostar nos consoles. Essa sensação, pelo menos para mim, passou depois do lançamento do Playstation 4 e Xbox One. Porém, ainda hoje há quem acredite que os celulares precisam seguir o modelo de negócios, e a jogabilidade dos consoles. Será mesmo que jogos mobile de R$ 200 reais, e com cutscenes de 40 minutos são uma boa ideia?

Leia também:

– Gráficos: “parece” não quer dizer que é “igual”

Eu sei que os smartphones evoluíram bastante. Nós aqui do site, costumamos fazer comparação do visual de alguns jogos mobile com games que existem nos consoles. Porém, essas comparações sempre devem ser tomadas a “título de curiosidade”.

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A ideia sempre foi mostrar a evolução dos jogos mobile em relação ao passado, tendo como parâmetro os consoles. Porém,  muita gente pensou que se trata de uma corrida e que os celulares vão substituir tudo. Não se pode estar mais errado!

Após um período de adaptação, depois do boom dos “novos” smartphones, é possível perceber que até mesmoo mercado de portáteis já está se rearranjando e encontrando o seu nicho. Seja com o Nintendo Switch, 2DS ou com o GPD e outras coisas que até usam Android.

Embora consigam trazer alguns jogos que existem nos consoles, O mobile ainda possui diversas limitações. Vamos enumerar algumas delas aqui.

Mas de antemão, deixamos um aviso: Consoles de videogame são máquinas dedicadas a jogos. Os smartphones não! Portanto quando você ver qualquer comparativo entre iPhone 8 Plus e o seu “fudendo” chip Bionic A11, lembre de fazer o comparativo não apenas de CPU, mas de GPU também.

O iPhone 8, por exemplo, supera o Playstation 4 em processamento bruto de CPU. Mas quando o assunto vai para o que realmente importa (GPU), podemos notar pela tabela abaixo que iPhone e PS4 estão em mundos completamente diferentes.

Unidade

iPhone 8 e iPhone X

Playstation 4

GFlops

340 (estimativa)

1.840

Polígonos por segundo

300 milhões (estimativa)

1.6 Bilhões

 

Consoles de videogame são máquinas dedicadas a jogos. Já os smartphones, não!

 

– 1ª Limitação: ENERGIA

A primeira grande limitação técnica , óbvia, nos smartphones é a energia. Este aspecto influência em tudo quando os desenvolvedores vão pensar em um jogo. Em um port de um jogo de console para mobile, o consumo energético será priorizado. Os desenvolvedores vão desligar vários efeitos para poupar energia.

Por isso, podemos notar que a sessão média de uma fase ou partida em um game mobile nunca supera 5 minutos.

Outro aspecto evidente é que, como o smartphone não é uma máquina dedicada a jogos, o game precisa poupar energia para não ser o vilão do desempenho da bateria do seu celular. Por isso em muitos jogos, os gráficos vêm configurados no mínimo durante a primeira utilização.

– 2ª Limitação: ATENÇÃO

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O smartphone é a máquina de distração definitiva. Tudo está literalmente a um toque dos dedos. Já pensou um Dark Soul no celular, sendo que você recebe notificações de grupo do whats a cada minuto, junto com ligações, notificações e etc? Simplesmente não dá, é muita distração.

Outro problema, também relacionado a atenção, é jogar enquanto se faz outra coisa. Como por exemplo assistir TV, esperar uma fila e etc. Se o jogo for muito complexo, a pessoa simplesmente “tilta” e não sabe o que faz. Você não vê ninguém por aí atravessando na faixa de pedestre enquanto mata um boss no Nintendo 3DS ou Switch.

Então, agora ficou claro por que a grande maioria dos jogos mobile é “direto para diversão” ou são apenas do tipo “pegue e jogue”. A acessibilidade é essencial no mobile gaming.

Um jogo de celular é um aplicação dentro de um vasto mundo que cabe no seu bolso. O game, por mais legal que ele seja, concorre com uma série de distrações que estão a um toque como: ligações, Whatsapps, Instagram, Facebook e etc. Tudo isso competindo por processamento e por um “pedacinho” da sua bateria.

– 3ª Limitação: Espaço interno

Sim, temos limitações técnicas de tamanho em relação ao consoles. Por isso é meio ridículo comparar Real Racing 3 com Forza Motosport, sendo que Forza tem cerca de 60 GB de conteúdo. Já no mobole, é raro encontrar games com 4 GB de download.

Como se não bastasse imagine baixar vários jogos desse tamanho. Rapidinho encheríamos um smartphones com o espaço mediano de 64 GB de armazenamento interno. E olha que esse nem é o armazenamento médio dos smartphones no geral.

– 4ª Limitação: MERCADO DIFERENTE

Jogos mobile nunca tiveram obrigação de competir com ninguém. É um mercado novo! O mercado mobile nunca focou no PC Gamer ou Console Gamer, em pessoas que já possuem uma excelente máquina para jogos. No máximo, de 2010 a 2012, uma parte (PEQUENA) do mercado mobile focou no jogador de portátil mais engajado.

É absurdo imaginar que as produtoras vão parar o que estão fazendo para criar games idênticos aos dos consoles nos celulares. Com a possibilidade de perder o cliente em potencial na plataforma principal.

Na realidade, as pessoas, por vontade própria, questões financeiras, ou por comodidade (e falta de tempo) foram abandonando a experiência relevante de um jogo num console e PC, para conferir um game mais “rapidinho” no celular.

game-market-mobile-vendas-2015-2019 A Vitória SUPREMA dos Jogos Mobile

Os portáteis como Nintendo DS, 3DS e PS Vita, eram os concorrentes diretos dos jogos de celular, e todo mundo sabe o que aconteceu. O mobile destruiu a concorrência e hoje lidera como a plataforma “não conectada na tomada” mais usada do planeta.

Existem N motivos para o mobile não competir diretamente com qualquer console, mas a que pode resumir tudo é a seguinte: o modelo de distribuição.

Hoje em dia a grande maioria dos jogos mobile são free-to-play por um simples motivo: dá muito mais dinheiro.

Enquanto empresas que produzem jogos incríveis para console  lucram em média US$ 100  milhões por ano, a Supercell lucra US$ 1 bilhão fácil todo ano.

Assustou? Agora você entende o motivo de empresas como a Gameloft terem abandonado os jogos pagos, e terem preferido a superficialidade de jogos free-to-play. Existem inúmeros cases de sucesso no mobile de games feitos por 4 a 20 pessoas que lucra em média 1 milhão de dólares por mês.

Livre do modelo de distribuição, os jogos de celulares não possuem preço fixo e muito menos limites para o modelo de monetização. Algumas empresas até incluem microtransações em seus jogos de console, mas isso é duramente criticado e visto com maus olhos pela maioria dos gamers de console.

-5ª Limitação: FINANCEIRO

O que é melhor comprar? iPhone ou PS4? Ou o reboco da parede? Preço elevado dos smartphones gerou uma comparação injusta e bizarra no Brasil.

Por volta de 2013, um bom smartphone ou tablet para rodar os jogos mais pesados do Android e iOS era mais barato que os consoles de última geração. Hoje em dia, um top de linha custa algo na faixa de R$ 3 mil a R$ 5 mil reais, muito acima do preço de qualquer console. Nos Exterior, a comparação é ainda pior, com os consoles na casa dos US$ 300 dólares. Smartphones topo de linha no exterior passam dos US$ 700 facilmente.

Isso se chama consumismo. Os smartphones são objetos de desejo muito mais populares que consoles de videogame. Logo, é normal existir essa elevação de preço.

Isso fez o consumidor se perguntar se valia a pena comprar um celular top de linha ou comprar um console de última geração.São produtos diferentes para usos diferentes, a simples comparação é absurda. Sem mencionar que não existe top de linha com feature “essencial”.

Mas nesse meio tempo, algo estranho aconteceu. Muita gente caiu no erro de pensar que celulares tinham a obrigação de “ultrapassar” os consoles. Pois aplicou-se a lógica de “se é caro, precisa ser melhor”.

Apenas para deixar claro. Esse tipo de comparação é absurda. Se você está na dúvida, compre um console de videogame e depois adquira um smartphone intermediário ou básico.

– Conclusão

Por questões de limitações de hardware, de orçamento, de uso (atenção), tamanho dos jogos e financeiro, simplesmente não faz sentido algum comparar jogos de consoles como Playstation 4 ou Xbox One com games mobile.

Embora algumas screenshots ou cenas de algum jogo deixem essa impressão, vale lembrar que o mundo dos jogos mobile é completamente diferente dos consoles. Jogos de videogame da geração atual no estilo triplo AAA são impossíveis nos smartphones, que mal possuem hardware para abrigar jogos da geração passada.

  • Dario Coutinho

    O "Gamer de Celular" Original. Criou um dos primeiros sites sobre jogos para celular em 2007, que viria a se tornar o Mobile Gamer Brasil em 2009. Formado em Ciência da Computação, escreve sobre tecnologia há mais de 16 anos. Com passagem por revistas de games (EGW, Arkade) e sites renomados como Techtudo. E-mail para contato: [email protected]

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21 comentários em “Pare de Comparar Smartphones com os Consoles de Videogame da Geração Atual”

    • o hype move montanhas,não adianta o hardware do android,no final a maioria vai ser casual e com graficos modestos pra chegar na mão de quem vai gastar rios de dinheiro no p2w deles,bate até saudade da primeira metade dos anos 2010 onde eles pelo menos tentavam

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    • O grande problema desta história toda são os canais de android sensacionalistas, estão ganhando fama, inscritos e views através de mentiras, é tanto vídeo fake, mostra uma miniatura de console e bota no título, SAIU JOGO FODA COM GRÁFICOS DE CONSOLE….. aí temos uma geração babaca que dá audiência pra este tipo de youtuber e acaba que piora ainda mais, pois esta geração pensa que seus J5, Moto G5 e afins da vida são tão potentes quanto um PS4, Xone e até mesmo um PC kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk enquanto tiver gente que produz este tipo de conteúdo e seguidores pra dar audiência, o cúmulo da babaquice só vai subir!!!!

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  1. Já fui mais chatinho com essa questão de jogos de celular serem mais parecidos com os de console; mas, com as tendências desse mercado, entendi que os jogos de celular atendem a uma demanda gigante de jogadores casuais e o que move as tendências é o quanto se lucra. Porém, ainda encontramos e ainda encontraremos muita qualidade e diversão no mobile, tudo depende da competência e inovação dos desenvolvedores.

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  2. É uma mercado de muito sucesso e é único, não se deve comparar com console de mesa ou mesmo portáteis. Como diz a matéria, não é uma máquina dedicada a games. Acho extremamente injusta as avaliações dos sites especializados em notas e até mesmo as avaliações da Google play fundamentadas muitas vezes em notas de pessoas que não jogam e que não gostam de pagar por um jogo de qualidade.

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  3. Sempre gostei de jogar em celular, porém de maneira casual, gosto principalmente de jogos rápidos e multiplayer, a título de exemplo Bullet force, pixel gun 3D, pixel estrike e cia, o primeiro é um jogo perfeito com partidas rápidas, jogabilidade excelente e gráficos na medida. Mas jamais esses jogos irão substituir uma jogatina de 3 horas ou mais seguidas no meu pc em algum jogo triplo A. Comprei recentemente um Iphone 8 plus e sinceramente me surpreendi com o poder gráfico, desde jogos como MC Versus, Radiation City, Implosion e outros. Porém são jogos que eu dedico não mais que 30min por dia nas entrelinhas do trabalho, descanso e etc. A experiência completa com joystick/teclado mouse jamais se comparam com um simples game de smartphone.

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  4. O grande problema desta história toda são os canais de android sensacionalistas, estão ganhando fama, inscritos e views através de mentiras, é tanto vídeo fake, mostra uma miniatura de console e bota no título, SAIU JOGO FODA COM GRÁFICOS DE CONSOLE….. aí temos uma geração babaca que dá audiência pra este tipo de youtuber e acaba que piora ainda mais, pois esta geração pensa que seus J5, Moto G5 e afins da vida são tão potentes quanto um PS4, Xone e até mesmo um PC kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk enquanto tiver gente que produz este tipo de conteúdo e seguidores pra dar audiência, o cúmulo da babaquice só vai subir!!!

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  5. Mas é aquela coisa, mesmo que haja um jogo que se aproxime graficamente de um jogo de PS3, dificilmente terá a jogabilidade de console, 90% desses jogos mais parecem mini-games, jogos que em cada sessão dura uns 5 minutos.

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  6. Parabéns meu caro, ótimo texto! Quando adquiri um celular melhor achei que poderia, numa questão de economia, substituir os consoles. Com o passar do tempo vi que não era bem assim, sempre joguei mais portátil que console de mesa, por isso pensei que conseguiria substituir os portáteis que tinha na época(ainda tenho) somente pelo celular, como já disse seria mais econômico por isso meu interesse, mas percebi que não. Hoje entendo que os jogos mobiles para mim são só um complemento aos meus portáteis, e não substitutos. Entendo o caso dos jogos freemiuns mas ainda gostaria de uma quantidade maior de jogos pagos(que seriam obviamente mais baratos que os de console), porque aprecio muito a qualidade, principalmente nos jogos indies que muitas vezes tem muito mais espaço e facilidade em mobiles do que em consoles. E sempre comparei mais celular com pc, porque os acho com funções parecidas, não em questão de jogos mas em serem multitarefas. Até os jogos que eu jogava muito no pc, que eram em sua maioria mmorpg, hoje eu jogo mais no celular mesmo.

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    • Muito exagero de sua parte… Posso lhe garantir que a “Lei de Moore” não falha até mesmo nos mobiles, é só ver os smartphones que já estão quase batendo no teto de 1TF e isso que estamos falando de um aparelho muito fino! Dá até dó comparar eles com o PS360, pois estes ambos consoles só têm 0,2TF…

      E pro seu governo, os smartphones agora estão dando as caras de que aguentam rodar PS2 e não vai faltar muito para rodar Nintendo Switch de tanto que eles rodam com folga o Nintendo Wii. Citei o PS2 porque é o emulador que até hoje exige muito da máquina destkop em processamento (em alguns casos) para tal aproveitamento e com Snapdragon da linha 8xx já consegue rodar com tranquilidade!

      Se eles conseguem rodar PS2, com certeza vão rodar games ainda mais exigentes!

      EDIT: acabei de olhar aqui a especificação do snapdragon 865… e cara… vou te falar a verdade: falta bem pouca coisa para encostar no PS4, porque já bateram no Xone há muito tempo! Claro que neste ultimo caso, consideramos o conjunto do processamento + memória e GPU.

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  7. Excelente matéria, esperamos mudar a opinião de muitos usuários IOS/Android.
    Eu sou um dos que trocaram as plataformas de mesa pela mobile.
    Quando fiz essa migração já tinha em mente que a mudança seria complicada justamente por perder e muito na qualidade dos games e escassez de jogos bom, mas eu mudei mesmo assim… Não me arrependo, o mobile me auxilia e muito no dia a dia, e com o passa do tempo foi entregando ótimas experiências em jogos.
    Esqueci de dizer porque a mudança de plataforma… Hoje eu sou pai e marido, além do trabalho e outros compromissos no dia a dia.
    Enfim, o mobile pelo menos pra mim, caiu igual uma luva em relação a todas as suas praticidades.

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  8. jogo videogame desde o Atari.atualmente jogo so jogos no meu smartphone tenho todos emuladores possíveis,para mim é o melhor videogame que tive.adoro jogos da década de 80 e 90 então para mim é uma festa.jogos do Google play dead effect para mim é um exemplo de um grande game para smartphone.é claro os cônsoles atuais são para outro mercado.

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  9. Excelente matéria, não tem como comparar as plataformas, elas são para situações bem diferentes. Hoje quem busca jogos móveis são aquelas pessoas que tem pouco tempo em casa para ficar na frente da TV jogando nos consoles ou no PC ou aqueles que não tem tantas condições de ter um PS4 ou Xbox ONE ou um PC gamer e ainda pagar 180 reais em cada jogo que lança desses consoles. No celular existe milhares de jogos fremium e os jogos pagos variam entre 10 a 30 reais ou seja são bem mais acessíveis ao grande público Brasileiro.

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  10. pra quem tem dúvidas sobre o potencial dos jogos mobile comparado ao dos jogos console, comparem o Shadowgun Legends com o Halo 5 de Xone e depois me respondam se são de fato incomparáveis. Os jogos mobile estão evoluindo e pode-se dizer que estão com certeza se aproximando aos do cosole.

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    • Halo 5 é um jogo bem “modesto” no PC. Mas nem dá pra comparar o conteúdo. São 40 GB contra um jogo que não pesa nem 2GB. Orçamento de produção também é outra história. Halo é uma série cujo orçamento de um jogo passa dos 50 milhões de dólares fácil.

      Então não se deixe enganar só pelo visual. Embora pareça que os celulares estão “encostando” nos consoles, existem diversos truques de “draw distance”, redução de ambiente e cenários fechados (mais fácil de manter o FPS) que os jogos mobile utilizam. Além disso, há limitação de espaço interno e etc. Já ficaríamos satisfeitos se Android e iOS suportassem jogos com mais de 8GB de conteúdo.

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  11. Em gráficos acredito que os smartphones estão bem próximos do PS3 e Xbox 360, pois já existem games mobile com gráficos tão bons que parecem de console, agora quanto a jogabilidade não tem nem como comparar as plataformas, games mobile por mais bonitos que sejam costumam ser curtos, tem uma jogabilidade simplificada para telas de toque, não possuem cutscenes em sua maioria, além da maioria dos títulos triple-A(AAA) nos smartphones serem apenas cópias de franquias famosas do console.

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