Review: Oxenfree é um dos melhores adventure para celular de 2017

Se você já passou pela adolescência, a lembrança mais nostálgica dessa época com certeza serão as amizades. Oxenfree é um adventure game que trata do tema, ao mesmo tempo em que aborda morte, divórcio, fantasmas, loops temporais e, principalmente escolhas. Esse jogo lançado em 2016 chegou ao Android e iOS em julho deste ano. Pegamos ele para uma olhada rápida e fomos surpreendidos com uma construção de narrativa excepcional, unida a uma incrível mecânica de repetição que cria (e também soluciona) muitos mistérios do jogo. Preparado para mais um review?

Antes de continuar, quero avisar que essa é uma análise com Spoiler, pois é necessário explicar muito sobre a história, pois em qualquer adventure, a narrativa é o elo que liga tudo. Portanto, não quero ficar aqui tentando não “pisar em ovos”.

—————————SPOILER ALERT—————————-

 

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– Quem criou Oxenfree

Oxenfree é um dos primeiros jogos do Night School Studio, produtora criada por ex-funcionários da Telltale. As ideias trazidas por esse time de outsiders são muito boas. Os diálogos são fluídos e rápidos. Os personagens não ficam esperando você responder e as opções não são tão “óbvias” como em games da Telltale.

Estúdio pequeno formado por ex-funcionários da Telltale e dos estúdios Disney.

Um dos principais diferenciais do jogo é justamente o seu final. Conforme a história se desenrola, é possível salvar ou não uma personagem e formar casais. Mais que é isso, como você verá a seguir, há múltiplos finais. As escolhas para esses finais não são tão óbvias (pra quem vai jogar pela primeira vez), e isso é incrível.

– O que é Oxenfree (personagens e história)

Oxenfree é um adventure game que segue o gênero point and click. Um grupo de adolescentes embarca em uma viagem para uma ilha em busca de fazer o que os adolescentes fazem de melhor, que é… festejar. Eles vão para uma noite de descontração pois como estão crescendo, vão estudar em escolas e fazer faculdade em outras cidades. Enfim, logo o grupo vai se separar e essa pode ser a última reunião deles.

Da esquerda para a direita: Ren, Jonas, Alex, Nona e Clarissa.

Neste grupo estão: Alex (a protagonista), Jonas, Ren, Nona e Clarissa. Jonas é o meio-irmão de Alex. O pai dela e a mãe dele, vieram a morar juntos depois que o irmão de Alex morreu em um afogamento que ela presenciou. No grupo também está Clarissa, ex-namorada de Michael. Ela culpa Alex por não ter feito nada para salvar Michael.

Nona e Ren são os personagens mais “soltos” da história. Porém, eles possuem uma utilidade. Através dos diálogos, é possível fazer os dois ficarem juntos no final. Essa é a primeira percepção que dá ao jogador a possibilidade de alterar as coisas em Oxenfree, e isso é só o começo.

Esses garotos partem para a ilha de Edwards Island já sabendo que o local foi uma base militar. O que eles não sabem, é que houve um terrível acidente no local. O naufrágio do submarino USS Kanaloa, afundado por fogo amigo em 1943.

Submarino que afundou perto da ilha onde estão os adolescentes.

Nesse naufrágio morreram 97 pessoas. Mas elas não morreram exatamente. Os tripulantes do submarino ficaram presos em uma existência entre a vida e a morte e agora pretendem possuir corpos pessoas para tentar sair da ilha.

Alex descobre que, com um rádio, consegue contatar esses “espíritos” e fazer com que se abra portais temporais. Porém, ela fica presa na noite em que os amigos vão para ilha, e fica destinada a reviver os mesmos eventos várias vezes.

Nada disso é a da sinopse do jogo. É preciso descobrir o que aconteceu e quando isso acontece é muito legal. Porém, esses não são todos os segredos de Oxenfree.

– Diálogos sensacionais

Oxenfree é um jogo de escolhas, e as consequências dessas escolhas é o cerne que une a jogabilidade de Oxenfree com a sua história. Além de poder juntar, ou shippar, se preferir, Ren e Nona, você pode fazer Alex e Jonas ficarem juntos no final [SPOILER] Michael e Clarissa.

Os diálogos do jogo e a forma como eles foram escritos é sensacional. Nada é tão “na cara”, como nos jogos da Telltale. As respostas que damos são vagas e, em alguns momentos engraçadas. As piadas são boas e os momentos de tensão também. Tudo em perfeita harmonia como o que um, ou uma, adolescente responderia. Diálogos ricos e que passam longe dos clichês bobinhos que vemos por aí.

Sistema de diálogos é simples, mas muito funcional.

Alex é uma jovem descontraída, enquanto Ren faz o tipo “nerd”. Jonas é típico descolado da cidade que fuma e etc. Nona não tem muita expressão, mas também não é uma personagem que se conecta um estereótipo. Já Clarissa é evidentemente uma garota atraente, mas ao mesmo tempo é muito ressentida pelo o que aconteceu com Michael. Cada personagem expressa suas características sem soar “clichê” demais.

– Jogabilidade e mecânicas

Os comandos de Oxenfree são simples. Basta tocar para o local onde você quer o seu personagem ande. Toque em um objeto ou pessoa para interagir com ele. O game dá ao jogador a liberdade de explorar, e aprender onde deve ir e onde deve recuar, e isso se aplica aos diálogos também.

Muitos momentos tensos com triângulos

Este jogo não deixa claro que a personagem está em um loop temporal, apenas depois de um incidente onde ela percebe que voltou alguns segundos atrás no tempo, é que temos ideia de com o quê estamos lidando. Para completar, no final do game surge a frase “Continue Timeline?”. E o jogo recomeça com Alex se perguntando, à caminho da ilha: “Espera, estamos voltamos para a ilha”.

É assim que o game prende o jogador. Através de uma curiosa mecânica de repetição. Alex está presa em um loop temporal, revivendo a mesma noite várias vezes. Cabe ao jogador escolher qual final mais lhe agrada e “encerrar” o loop. Um ponto curioso dessa mecânica é que é possível fazer a Alex da jogatina anterior interagir com a nova Alex, deixando mensagens em espelhos e no rádio. Para fechar o Loop, o jogador precisa enviar a mensagem para Alex não ir para a Ilha, e no final do game seus amigos decidem fazer outra coisa.

Joguei o jogo bastante em um celular Android (Lenovo Zuk Z2). Infelizmente Oxenfree exige um aparelho robusto com pelo menos 4GB de RAM. No iOS os requisitos são menores. Mas apesar de compatível com iDevices antigos, Oxenfree apresenta alguns bugs no iPhone 5s e 6, funciona melhor nos aparelhos mais novos da Maçã.

– Conclusão

Oxenfree é um jogo sensacional. É uma experiência lúdica e ao mesmo tempo assustadora (só um pouquinho). O grande gancho é o mistério e como conseguir o final “perfeito”. No celular, pode ser que os personagens fiquem um pouco pequenos. Mas esse problema é compensado pela brilhante trilha sonora. Infelizmente é um jogo apenas em inglês e é preciso ter um bom domínio do idioma pois os diálogos não são óbvios e são bem rápidos.

+Prós

  • Ótima história
  • Cenários muito bem desenhados
  • Bons diálogos
  • Proposta diferente

-Contras

  • Apenas em inglês
  • Alguns bugs

 

Link para Baixar no iPhone e iPad

Link para Baixar no Android (Google Play)

Desenvolvedora: Night School Studio
Publicidade: Não | Jogo Offline
Contém compras embutidas: Não
Requer Android 5.0 / iOS 9.0
Idioma: Inglês | Tamanho: 2 GB

[wp-review]

    by
  • Dario Coutinho

    O "Gamer de Celular" Original. Criou um dos primeiros sites sobre jogos para celular em 2007, que viria a se tornar o Mobile Gamer Brasil em 2009. Formado em Ciência da Computação, escreve sobre tecnologia há mais de 16 anos. Com passagem por revistas de games (EGW, Arkade) e sites renomados como Techtudo. E-mail para contato: [email protected]

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