Sony e Nintendo continuam perdidas em meio à revolução dos jogos de celular

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A semana que se passou foi marcada por declarações negativas de Sony e Nintendo com relação às suas divisões de consoles portáteis. A Nintendo apresentou previsões pessimistas com relação às vendas de seus consoles, incluindo o 3DS. Enquanto isso, a Sony viu o interesse do consumidor pelo PS Vita praticamente desaparecer nos Estados Unidos (veja o gráfico abaixo). O chefe da Sony no Reino Unido, Fergal Gara, declarou abertamente, em entrevista ao site VG247, que os culpados do mau momento são os smartphones.

 

Pesquisa mede o interesse do consumidor por novos jogos. Por plataformas (Foto: IDC 2013)
Pesquisa mede o interesse do consumidor por novos jogos. Gráfico dividido por plataformas (Foto: IDC 2013)

– Mercado de Jogos Mobile vs Mercado de Jogos Portáteis

Embora classifiquem erroneamente como um segmento dos jogos portáteis, os jogos de smartphone e tablets, na realidade, são UM NOVO MERCADO. E o que talvez rache a cuca dos gamers hardcore e “entendedores” do assunto, é que esse novo mercado cresce de maneira revolucionária sem os gamers tradicionais.

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Desde o seu surgimento até hoje, os jogos mobile, em sua maioria, são o que sempre foram, uma diversão distrativa com ares casuais e que pode ser pausada a qualquer momento sem maiores problemas para a percepção do jogador. Esse é o cerne do mercado, que é um pouco diferente dos jogos para portáteis, mais imersivos e que buscam prender o jogador por outros elementos como narrativas e por aí vai.

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Diversão casual e disputa para ver quem faz mais pontos, lembra a dinâmica dos primeiros jogos de videogame (Foto: Divulgação)

O fato interessante dos jogos mobile é que eles lembram o início dos videogames, quando a diversão era direta e menos elaborada. Não há nada de errado com os consoles portáteis, mas ao que parece, o grande volume do mercado, está procurando uma distração e deixando para jogar de forma engajada em consoles de mesa.

– Modelos com microtransações, uma ideia que atropelou  PS Vita e 3DS no ocidente

Quando a revolução dos jogos de smartphones surgiu, graças a App Store e depois a Google Play, não houve apenas uma evolução tecnológica, mas uma mudança de paradigma na forma de como fazer e vender jogos para dispositivos portáteis.

 Supercell, criadora de Clash of Clans, lucra US$ 2.4 milhões de dólares por dia! (Fonte: Forbes / Foto: Kaleva.fi)
Supercell, criadora de Clash of Clans, lucra US$ 2.4 milhões de dólares por dia! (Fonte: Forbes / Foto: Kaleva.fi)

O sistema com microtransações, onde em alguns casos o jogo sai de graça, foi algo que Sony e Nintendo custaram a visualizar (e principalmente aceitar). Uma constante no mercado de jogos eletrônicos é que mesmo no jogo mais hardcore, a grande maioria dos consumidores jogam casualmente, nem chegando a terminar o jogo. Para realizar uma analogia engraçada é como comprar um álbum de música e não escutá-lo todo (quem conhece a história da iTunes Store, captou a mensagem).

 

O apelo para jogos casuais que custam pouco ou nada, fez o consumidor perceber que poderia economizar, descartando um console portátil e investindo no conjunto smartphone/tablet + console de mesa.

 

Por ser um mercado novo e, principalmente, um novo modelo de negócio, esperava-se que empresas especialistas no ramo embarcassem também no mesmo modelo de negócio, oferecendo jogos baratos em seus dispositivos. Porém, Sony e Nintendo foram na contramão, sempre querendo desacreditar os usuários que buscavam jogar no celular. O resultado foi desastroso como se vê no início desse post, com ambas choramingando sobre como os smartphones e tablets impactaram negativamente nos seus negócios.

Na minha opinião, a Nintendo deveriam ter criado seu próprio smartphone ou tablet, e unir a experiência de um console da Nintendo a um dispositivo particular de conectividade. Sério! Pense por um minuto em um smartphone com um S.O próprio da Nintendo e com suporte a jogos do DS, e até alguns jogos do 3DS. Vai me dizer que não seria incrível.

Smartphone da Nintendo, seria uma má ideia?
Smartphone da Nintendo, seria uma má ideia?

A Sony, em contrapartida, tem toda uma divisão de smartphones e tablets e teve a chance de fazer isso com o PS Vita, mas decidiu não fazer. O que custou caro para a dona da marca Playstation que se decidiu apenas incursões tímidas como o Xperia Play e suporte ao controle do Playstation 3. Xperia Play 2? Cadê?

 

– Smartphone: um rival que dobra de poder a cada ano

Com a evolução (eu diria revolução) dos smartphones, a capacidade de processamento dos aparelhos praticamente dobra a cada ano. A corrida pela liderança entre várias várias fabricantes do seguimento, trouxe um grande poder de processamento, telas brilhantes e muita capacidade de armazenamento. Algo que possibilitou que jogos como GTA San Andreas, um dos jogos de maior sucessos de todos os tempos, chegasse ao Android e iOS, e não no PS Vita e Nintendo 3DS.

Três versões do Galaxy Note: Poder de fogo mais que dobra a cada ano (Foto: Canal Youtube adrianisen)
Três versões do Galaxy Note: Poder de fogo mais que dobra a cada ano (Foto: Canal Youtube adrianisen)

Mas mesmo com essas conversões de jogos de PC e outros consoles para smartphones, basta uma rápida olhada na App Store ou Google Play, para perceber que o mercado de jogos mobile não precisava dessas conversões, pois está muito bem serviço de desenvolvedores Indie e pequenas empresas. Exemplos não faltam com jogos como: Papa Sangre, Sorcery, Year Walk, Device 6 que primam pelo rigor artístico e experimentalismo. Opções para diversão instantânea sempre estiveram presentes e são um dos maiores triunfos dos jogos mobile: Subway Surfers, Banana Kong, Candy Crush Saga, Clash of Clans, Angry Birds e muitos outros. E para os amantes de diversão “quase” hardcore há vários jogos como: Modern Combat 4, Real Racing 3, Deus EX: The Fall e mais outra infinidade de jogos.

Como vimos no parágrafo anterior, a comunidade de desenvolvedores indie, empresas pequenas e até gigantes do mercado, desenvolvendo para mobile é grande e graças a facilidade de publicar jogos, duvido muito que elas abandonem esse modelo. Sem falar que atualmente a audiência é a “perder de vista”.

– O verdadeiro problema para Sony e Nintendo ainda está por vir

Há quem pense que os consoles portáteis podem dar a volta por cima, mas a realidade é que os smartphones ainda não demostraram todo o seu potencial. Imagine o que acontecerá quando os controles físicos, uma reclamação constante dos fãs xiitas dos portáteis, se tornarem populares. Ou quando as baterias finalmente atingirem um nível como a dos celulares antigos da Nokia, que duravam semanas?

Gameklip, solução elegante para deixar o seu smartphone mais gamer (Foto: pikdit.com)
Gameklip, solução elegante para deixar o seu smartphone mais gamer (Foto: pikdit.com)

Seja qual for o movimento que Sony e Nintendo pretendem fazer para mudar a realidade atual de suas plataformas portáteis, é bom elas fazerem logo. Ou ficarão com um pedaço cada vez menor do mercado de jogos portáteis e na preferência do consumidor.

 

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  • Dario Coutinho

    O "Gamer de Celular" Original. Criou um dos primeiros sites sobre jogos para celular em 2007, que viria a se tornar o Mobile Gamer Brasil em 2009. Formado em Ciência da Computação, escreve sobre tecnologia há mais de 16 anos. Com passagem por revistas de games (EGW, Arkade) e sites renomados como Techtudo. E-mail para contato: [email protected]

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4 comentários em “Sony e Nintendo continuam perdidas em meio à revolução dos jogos de celular”

  1. A Nintendo tem que deixar essa visão cega só de consoles e Wii U, e deveria se lançar, como suas concorrentes de plataforma de mesa (Microsoft -Windows Phone; Sony – X Peria) no mercado Mobile logo de uma vez, veja o próprio Wii U é uma espécie de tablet com S.O. próprio pq não um smartphone? Eu adoraria tirar onda com meus amigos usando um Smartphone com a Logo da nintendo, ia ser massa!

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  2. A parte de smartphone com OS móveis para as duas fabricantes,acho que seria outra burrada …
    Acho que seria certo fazer o que a Sony fez,o Xperia play .o caso é que a Sony não investiu no Xperia play,não portou muitos jogos bons,e não lançou uma segunda versão do xperia play com hardware potente e lançar jogos do psvita para ele..seria ótimo e eu mesmo compraria um xperia

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    • Um dos tópicos do post é justamente para mostrar que o sistema de microtransações tem ficado na preferência do consumidor. Ou seja, ao que parece, não adianta lançar apenas novo hardware ou novos jogos se não houver uma mudança no modelo de negócios. Principalmente pelas bandas do ocidente.

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  3. Muito bom o tópico! Realmente o poderio gráfico dos smartphones dobra a cada ano, e há bastante jogos hardcore como também casuais, até mesmo diversas empresas já apostam nesse segmento com seus híbridos, como o Nvidia Shield por exemplo. Acho que se a Nintendo lançasse seu próprio SO seria um ideia não muito boa, como teria que ganhar espaço dos gigantes mobile Android e iOS, etambém teria que haver uma prepotência como celular, afinal smartphone são celulares inteligentes com apps e afins o que na Nintendo seria um pouco “mais pra jogo” teria que fazer todo aquele “grau” de celular e um poderio de hardware cada vez eminente, e a civilização de hoje está apta com Android, iOS e também Windows Phone. A concorrência também iria aumentar. Uma empresa de segmento mobile ganhar espaço entre Apple, Samsung, Nokia e outras empresas meramente grandes teria que fazer um feitio grande, um milagre talvez. Se isso acontecer diria que foi pelo público dedicado a Nintendo, seus fans, creio que os ‘demais’ iriam de Galaxy, iPhone, mais segmentados, veteranas em mobile, sutil, não!? Pra ser um pouco otimista acho uma ideia um tanto lucrativa se a Nintendo optasse por um híbrido smartphone com joystick semelhante ao Xperia Play, (um Nintendo Play!?) com SO Android e com sua gama de exclusivos do italiano bigodudo e Cia e com suas também políticas, assim com sua própria marca Nintendo junto com o robozinho verde onde todos nós estamos familiarizado com o sistema do Google, e sua gama de clássicos exclusivo, na minha opinião soaria bem. Vamos ver até lá, não está tão distante disso acontecer visto com suas vendas um tanto frustrantes(…)

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