Atualmente, Hearthstone é um jogo ruim

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Hearthstone é um card game gratuito para PC e iOS (em breve no Android) com o universo de World of Warcraft. Dono de uma jogabilidade convidativa e muito dinâmica, o jogo é um dos games online mais viciantes do momento. Criado pela Blizzard, Hearthstone tem aquela qualidade excepcional como dublagem em português e ótima localização. Tudo beira a excelência, menos algo que a própria Blizzard não contava, o modo como os jogadores iriam jogar o seu game.

– O que é o Meta game?

Meta game é o modo como os jogadores estão jogando atualmente um jogo. Em Hearthstone, a maneira mais fácil de explicar isso é através das partidas ranqueadas, onde o jogador sobe de ranking a medida que vence outros jogadores. O meta game pode ser explicado como: “quais os melhores decks do momento?”. A resposta para essa pergunta resulta em uma prática bastante comum e que estraga boa parte da diversão de se criar um deck em Hearthstone: o netdecking.

– NetDecking não é contra as regras mas “empobrece” o jogo

O netdecking, nada mais é do que o ato do jogador copiar um deck da internet. Não é nada que infrinja os termos do jogo, mas o fato é inegável, essa prática limita bastante o escopo da diversão, fazendo com que os jogadores fiquem preguiçosos, e prefiram certas classes por possuírem vantagem contra outras classes no “Meta game” atual. Basta uma rápida pesquisa para descobrir decks bons e “baratos”.

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O problema principal do netdecking é que ele reduz a diversão. Imagine um jogo de luta com 20 lutadores, mas todo mundo só escolhe 3? É nesse aspecto onde Hearthstone deixa a desejar, e a situação é ainda mais agravante se você é um novato.

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Decks conhecidos como “cancer” são os preferidos dos preguiçosos.

Essa é uma realidade do game que só pode ser mudada através de atualizações, como a que a Blizzard está trazendo no fim do ano, que irá contar com mais de 120 novas cartas. A atualização lançada pela Blizzard no meio do ano tentou mudar um pouco o meta, para tornar as partidas ranqueadas mais “jogáveis” para quem está começando. Entretanto, se você não jogar com um deck “câncer”, suas chances no jogo são “mínimas”.

Aí entra outra questão, o fator Freemium do jogo é quase inexistente. Caso você esteja começando a jogar agora, comprar a aventura “Naxxramas” é quase obrigatório para acompanhar o meta atual. Depois de terminada, não compensa comprar pacotes com cartas, pois os nos pacotes raramente vem cartas lendárias. É muito mais vantajoso, seguir cumprindo as missões diárias, e ganhar ouro para encarar a arena.

Tive a oportunidade de conhecer jogadores que gastavam R$ 100 reais mensalmente no jogo desde o lançamento da aventura de Naxxramas, e eles sequer conseguiram montar um deck competitivo para campeonato. O que demonstra que o jogo exige uma dedicação tão grande que você precisa ter as duas coisas para conseguir progredir, dinheiro, e principalmente, tempo.

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Modo aventura “Naxxramas” é quase essencial para o jogador que quer acompanhar “o meta”.

– O problemático Modo Ranqueado

O modo Ranqueado é, atualmente, um dos modos mais problemáticos do jogo. Não dá para saber exatamente como é o método de seleção de oponentes, mas uma coisa é certa, o ranking é quase aleatório. Se você está começando a jogador agora, não estranhe encarar jogadores com um deck muito mais poderoso que o seu, repleto de cartas lendárias e extremamente raras. O que não faz o menor sentido para a proposta desse modo. Encarar o modo ranqueado? Apenas se você jogar com apenas uma única classe, caçador. Mesmo assim, dificilmente você sairá do rank 18. Dando um sentido de progressão praticamente nulo.

Já vi jogadores profissionais jogarem via streaming e passarem semanas empancados em um ranking e até jogadores famosos como “Amaz”, quase fecharem a temporada sem sequer pegar lendário.

Diante de tal saia justa, a Blizzard lançou recentemente um post tentando demonstrar para os jogadores que eles eram “melhores do que eles imaginavam”. Mas a explicação apenas piorou a situação,  demonstrando que apenas uma  minoria conseguia avançar no ranking.

– Bots, Win trade e outros problemas para a blizzard

A falta de objetivos também tem gerado muita discussão na comunidade de jogadores. Como há pouquíssimos objetivos (colecionar cartas, pegar herói lendário e rank lendário), os jogadores têm apelado para meios escusos de completar todos os objetivos do game. Um deles é a utilização de bots, programas que jogam no seu lugar e conseguem ganhar partidas.

Outra prática passível de punição é o Win trade. Nessa prática, os jogadores resolvem perder as partidas para cair em rankings mais fáceis e assim vencer mais partidas rapidamente, conseguindo, por exemplo, um “Herói dourado”, algo que é necessário que o jogador vença 500 partidas no modo ranqueado.

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Tela de um programa de bot que “jogava” por você.

Recentemente, a Blizzard baniu milhares de conta de jogadores, alguns deles nem sabiam que o “Win trade” era proibido. Hoje, Hearthstone é um jogo “quebrado”, com opções limitadas e sem o menor sentido de progressão após de certo tempo de jogatina.

– Rebalanceando a análise

Hearthstone é um jogo bastante popular, mas cheio de problemas. Já se passou um ano depois de seu lançamento e a Blizzard já realizou uma expansão e várias atualizações menores para balancear o jogo. Isso me fez pensar em balancear também o nosso sistema de avaliação. Anteriormente, o jogo tinha ganhado o nosso status de “lendário” 10/10. Mas depois de reavaliar a situação, cheguei a conclusão de que nenhum jogo free-to-play ou freemium merece tal nota.

Isso se deve a diversos fatores que vão desde compras embutidas até ao meta game que foi o que pesou nessa reavaliação. Pedimos desculpas mas é algo bastante corriqueiro de acontecer com jogos

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  • Dario Coutinho

    O "Gamer de Celular" Original. Criou um dos primeiros sites sobre jogos para celular em 2007, que viria a se tornar o Mobile Gamer Brasil em 2009. Formado em Ciência da Computação, escreve sobre tecnologia há mais de 16 anos. Com passagem por revistas de games (EGW, Arkade) e sites renomados como Techtudo. E-mail para contato: [email protected]

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