Review: Angry Birds 2 e o gosto amargo dos freemium

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Angry Birds 2 é a sequência direta do primeiro jogo, lançado originalmente em 2009. Desde a primeira vez que um pássaro virtual foi arremessado de um estilingue, muita coisa mudou. Embora apresente uma clara evolução em relação ao game original, Angry Birds 2 (Android e iOS) “freia” sua própria jogabilidade com limitadores de vida e elementos aleatórios. Vamos analisar!

– Visual bonito e atmosfera estimulante

Angry Birds 2 definitivamente apresenta um visual refrescante. Não, o game não saltou para a terceira dimensão, e isso é algo positivo. Permanecer em duas dimensões foi a melhor escolha do estúdio. A arte 2D está linda e as animações estão ainda mais fluídas do que nos jogos anteriores.

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Desde a escolha da nova paleta de cores – ultimamente todo mundo usa esse tom de roxo – até os cenários, Angry Birds 2 é muito bonito. Ao que parece, ele é bastante leve também, já que roda bem na grande maioria dos dispositivos com Android e iOS.

– Jogabilidade levemente renovada

Angry Birds 2 não é muito diferente do primeiro game. Temos os pássaros e devemos destruir estruturas, fazendo os escombros caírem em cima dos porcos. O diferencial é a abordagem. Ao invés de fases sequenciais, dispostas em uma lista, Angry Birds 2 aposta em um mapa, onde é possível ver o progresso dos seus amigos.

Nem precisamos comentar que o jogo copiou o sistema de mapa, fases e até mesmo vidas de Candy Crush Saga. Algo que vem sem absurdamente clonado por diversos jogos como Plants vs Zombies 2. Mas antes de nos adentrarmos aos fatores freemium, vamos comentar as mudanças positivas.

Uma inovação que Angry Birds 2 trouxe foram as fases com múltiplos estágios. Dentro das fases há várias seções onde o jogador precisa derrotar todos os porcos para ir adiante. Há vários objetos novos para interação como ventiladores, portais de teletransporte e muito mais.

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O modo como os pássaros são tratados também mudou. Agora, eles são encarados como “cartas” e é preciso colecionar o maior número de pássaros possíveis para poder seguir adiante. O time de emplumados são os conhecidos: Red, Chuck, The Blues, Matilda, Bomb e Terece. A novidade é a passarinha Silver, capaz de fazer um loop.

Pássaros como Red, Chuck e The Blues podem causar dano maior em estruturas específicas. Por exemplo, Red pode usar um grito para empurrar pedras enquanto Chuck destrói madeira com facilidade.

Chefes de fase e um modo Arena são outras novidades menores. Os chefes cumprem a função de serem um pouco mais difíceis de derrotar. Já o modo Arena, consiste em vários estágios dentro de uma fase infinita. O objetivo é conseguir fazer mais pontos que os outros jogadores.

A quantidade de fases impressiona. São mais de 100 e chegar ao final não é tão fácil assim. O motivo? O jogo vai tirar o “controle” da sua mão de vez em quando. E é aí que entra o lado ruim de Angry Birds 2.

– Seguindo as tendências do mercado “freemium”

Angry Birds 2 segue a risca a regra de ouro dos jogos freemium: as primeiras fases precisam ser muito fáceis. Até o 13º estágio, a dificuldade é praticamente nula. Então de forma sádica, o game começa a deixar as coisas abruptamente mais difíceis. Para quê? Para fazer o jogador perder vidas e tentar arrancar algum trocado, via compra embutida ou na exibição de anúncios. De um jeito ou de outro, o truque funciona.

O modo como as fases são abordadas, através de um sistema de mapas, as recompensas e o sistema de vidas, que obriga o jogador a aguardar 30 minutos, é algo que nunca deve ser visto como “ok”. Lembrete: se um jogo te impede de jogá-lo algo está muito errado.

“Nunca gastei um centavo em um jogo freemium, dirão alguns. Vale lembrar que você paga não apenas com a compra direta, mas também através de anúncios.”

A partir daí Angry Birds 2 desce aos níveis mais baixos do modelo freemium. O game adiciona o elemento sorte. De que forma? Quando o jogador perde uma vida e toca em “Tentar de novo”, o game muda levemente o layout da fase, além de trocar a ordem dos pássaros. Embora seja possível escolher a ordem dos três primeiros Angry Birds, O mesmo não acontece com os outros.

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Uma “pegadinha” de jogos freemium é fazer o jogador pensar que está “ganhando” muitos itens.

A “má fé” continua quando são adicionados porcos voadores, claramente incluídos para dificultar a fase. Ao perder muitas vidas no mesmo estágio, esses porcos que voam em balões somem, deixando a fase mais fácil.

Através desse “controle de experiência”, Angry Birds 2, também controla o seu sistema de monetização, fazendo com que cada jogador faça X tentativas e vá assistindo alguns vídeos de anúncio para gerar receita.

O lado danoso dessa prática é que o sistema de ranking vira uma bagunça. Fica praticamente impossível competir com outros jogadores. Nem tente competir, pois como o layout muda constantemente, fazer mais pontos que seus amigos em todas as fases vira algo impossível.

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“Candy Crush Birds Saga 2”

Infelizmente é algo quase impossível de não criticar. Embora essa seja a tendência do mercado, aceitar que um jogo deve ser piorado apenas por tendência é algo inaceitável. É como concordar com DLC paga embutida no Blu-Ray de um jogo para consoles.

Mas assim como aconteceu com Angry Birds Go, que inicialmente, também era um game estragado pelo modelo Freemium, Angry Birds 2 pode melhorar com o tempo e vir a ser um jogo bem diferente do que é hoje.

– Conclusão

Angry Birds 2 abraça o modelo freemium de uma maneira que é difícil não criticar. Fica evidente, por exemplo, que a experiência é limitada, não por compras embutidas, mas pelos pássaros que são trocados por visualizações de anúncios. Mesmo com esse defeito, a qualidade do produto final é boa, isso se você encarar o jogo como ele é, um game casual feito para passar o tempo.

+Prós

  • Arte incrível
  • Ótima música
  • Muitas fases

-Contras

  • Muitos limitadores
  • Vidas acabam rápido
  • Fases um pouco aleatórias

Nota 6/10

 

Ficha Técnica

Plataformas/ Requisitos: Android 4.0+, iOS 5.1+ | Online

Tamanho: 68 MB

Idioma: Português

    by
  • Dario Coutinho

    O "Gamer de Celular" Original. Criou um dos primeiros sites sobre jogos para celular em 2007, que viria a se tornar o Mobile Gamer Brasil em 2009. Formado em Ciência da Computação, escreve sobre tecnologia há mais de 16 anos. Com passagem por revistas de games (EGW, Arkade) e sites renomados como Techtudo. E-mail para contato: [email protected]

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